sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Após um dia parado, Phoenix se reativa em Marte

Sucumbindo a uma tempestade de poeira feroz e ao frio do inverno cada vez mais severo em Marte, o veículo de exploração planetária Phoenix Mars Lander ficou em silêncio por um dia, antes de retornar à vida na noite de quinta-feira, ainda que seus sinais pareçam bastante fracos.

As baterias do veículo parecem estar esgotadas, afirmam os dirigentes da missão, e todos os sistemas do aparelho, incluindo seus aquecedores, estão desligados. Os dirigentes da missão haviam instruído o aparelho a despertar e informar sobre sua situação à 0h30min da quinta-feira, usando para retransmissão a espaçonave de exploração orbital Mars Reconnaissance Orbiter, que estaria sobrevoando sua posição. O Phoenix Mars Lander não obedeceu à instrução.

Mas ele está programado com um recurso conhecido como "modo Lázaro", que permite que se reative e recarregue suas baterias à luz do dia. Quando reativado, o veículo manteve sua energia por cerca de 17 horas, e tentou se comunicar durante duas horas com qualquer espaçonave em órbita do planeta que sobrevoasse sua posição. Esse ciclo foi repetido até que o veículo recebesse instruções adicionais.

Na noite de quinta-feira, o Phoenix Mars Lander conseguiu contato com a espaçonave Mars Odyssey. Um comunicado da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) afirma que "a comunicação reforçou o diagnóstico de que a espaçonave está em modo de precaução, determinado pela sua baixa energia. Os engenheiros da missão estão averiguando sua condição e as medidas que devem ser tomadas para que ele retome sua missão científica".

O Phoenix pousou em Marte na primavera planetária, na região do Pólo Norte, com o objetivo de estudar a vasta camada de gelo existente logo abaixo da superfície. O veículo encontrou sinais de que o gelo pode ter derretido no passado - a presença de carbonatos, que se formam na presença de água em estado líquido -, mas suas medições também demonstram que as condições atualmente vigentes são muito secas.

O mais recente experimento do veículo, o uso de um pequeno forno para cozinhar uma amostra de terra, foi concluído no final de semana. Dados da experiência foram enviados de volta à terra antes que o veículo suspendesse sua operação, e podem ajudar a determinar se o solo de Marte contém compostos orgânicos.

A missão do Phoenix deveria durar apenas três meses, mas foi prolongada para permitir que os cientistas extraiam todos os dados possíveis do aparelho.

Agora, com a redução dos períodos de luz solar em meio ao inverno marciano, os painéis solares do veículo produzirão menos energia. Uma tempestade de areia na segunda-feira reduziu ainda mais o volume de energia produzido pelos painéis. Somado à perda de energia induzida pela última experiência e a temperaturas de superfície de menos 96 graus à noite, o aparelho se colocou em modo de segurança na terça-feira, suspendendo todas as atividades não essenciais.

O veículo também desativou uma de suas duas baterias e colocou em operação seus sistemas eletrônicos de apoio. Por isso, alguns comandos que permitiriam maior economia de energia, enviados ao sistema eletrônico primário, não foram obedecidos.

Ainda que o veículo tenha revivido, é provável que ele dure apenas mais um mês. Peter Smith, da Universidade do Arizona, o diretor científico da missão, disse que seria interessante acompanhar a evolução do inverno marciano por meio dos instrumentos do veículo. "Mas isso seria apenas um prêmio adicional. Nós já conseguimos aquilo que queríamos dessa missão".

O Phoenix pousou em Marte com o objetivo de estudar a vasta camada de gelo existente abaixo da superfície
O Phoenix pousou em Marte com o objetivo de estudar a vasta camada de gelo existente abaixo da superfície

Tradução: Paulo Migliacci

Cientistas explicam como se formam as Galáxias

As galáxias apresentam as mais variadas formas e tamanhos, de gigantes em espiral a anãs irregulares, e essa diversidade aparentemente surge devido à maneira pela qual se formam.

Uma importante teoria dispõe que a formação de galáxias é um processo hierárquico que envolve colisões de porções de matéria escura e fria, e que as características de cada dada galáxia se devem em parte a esses encontros caóticos e a outros fatores que incluem massa, rotação e idade.

Em outras palavras, é muito complicado
Ou talvez não seja. Um estudo sobre 200 galáxias conduzido por Mike Disney, da Universidade de Cardiff, no País de Gales, e sua equipe sugere que as galáxias na verdade são muito mais simples, e que suas propriedades e estrutura de fato são função de um único parâmetro, e não de fatores múltiplos.

Os pesquisadores estudaram seis propriedades galácticas, entre as quais luminosidade, massa de hidrogênio, inclinação e raio óptico, a medida da parte da galáxia que responde por determinada porcentagem de sua luz.

Muitas dessas propriedades apresentam inter-relações conhecidas, e os pesquisadores descobriram uma nova correlação, entre a luminosidade e o raio óptico. Mas a parte principal de seu trabalho, publicado em artigo para a Nature, consistiu de um estudo estatístico sobre todas as correlações por meio de uma técnica conhecida como análise de componente principal.

A análise demonstra que todas essas propriedades são controladas por um único parâmetro. Com base em seus dados, os pesquisadores não capazes de dizer ao certo qual seja essa parâmetro, embora ele talvez esteja relacionado à massa.

Mas as constatações lançam dúvidas sobre a teoria hierárquica de formação de galáxias e sugerem que a galeria de galáxias diferentes se desenvolveu por meio de algum modelo mais simples.

NGC 5194 ou M51 é uma galáxia espiral, conhecida popularmente como a Galáxia do Rodamoinho. É o membro mais brilhante do Grupo M51
NGC 5194 ou M51 é uma galáxia espiral, conhecida popularmente como a Galáxia do Rodamoinho. É o membro mais brilhante do Grupo M51

Tradução: Paulo Migliacci

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nasa cancela pela 5ª vez missão da nave "Atlantis" ao "Hubble"

As autoridades da Nasa cancelaram hoje indefinidamente a quinta e última missão de serviço da nave "Atlantis" ao telescópio "Hubble" prevista para fevereiro, anunciou a agência espacial americana em comunicado.

O documento acrescentou que a decisão foi tomada após uma avaliação do trabalho necessário para preparar a tempo uma unidade de dados que deveria ser instalada no observatório.

Essa unidade substituirá a que sofreu graves imperfeições em setembro, o que obrigou ao adiamento da missão originalmente prevista para 14 de outubro.

"Fizemos todas as análises e determinamos que não podemos estar prontos para o lançamento de fevereiro", disse Jon Morse, diretor da Divisão de Astrofísica da Nasa em Washington.

"Trabalharemos estreitamente com o Programa de Naves a fim de desenvolver os detalhes para uma nova oportunidade de lançamento", acrescentou.

O telescópio, considerado um dos instrumentos mais valiosos e produtivos da astronomia, foi instalado em sua órbita pela nave "Discovery" em abril de 1970.

O "Hubble" registrou uma série de problemas que obrigaram a agência espacial a fazer quatro missões de serviço e consertos, principalmente de seus espelhos e giroscópios.

No entanto, transmitiu milhares de fotografias e informação sobre o espaço nunca antes obtida da superfície terrestre devido à distorção atmosférica.

Apesar dos problemas, o observatório retomou esta semana suas operações e transmitiu uma espetacular fotografia de duas galáxias a mais de 400 milhões de anos-luz da Terra.

Telescópio Hubble volta a transmitir imagens

O telescópio espacial Hubble conseguiu transmitir imagens de um conjunto de galáxias chamado Arp 147, após a ativação de seu sistema auxiliar, chamado lado B, por causa de uma avaria do computador principal, anunciou a ESA, agência espacial européia.

"O telescópio Hubble voltou a funcionar com uma foto do fascinante par galático Arp 147", comemorou a ESA em um comunicado, no qual descreve os dois elementos do objeto celeste, um anel de coloração azul e um círculo com um ponto rosado no meio.

Os instrumentos científicos do Hubble entraram automaticamente em atividade restrita no dia 27 de setembro, por causa de uma grave anomalia técnica que levou a Nasa a reprogramar o sistema auxiliar (lado B), nunca antes utilizado desde o lançamento do telescópio, em 1990. "Esta imagem demonstra que a câmera funciona perfeitamente, como antes da avaria", escreve a agência européia.

O par galático, distante mais de 400 milhões de anos-luz, foi fotografado pelo telescópio da ESA e da agência americana entre os dias 27 e 28 de outubro. O problema no lado A do Hubble o deixou temporariamente "cego", obrigando a agência americana a adiar em quatro meses a última missão de manutenção do telescópio, com a ajuda de um ônibus espacial.

A Nasa decidiu aproveitar para incluir a substituição da parte defeituosa na missão, a quinta em 18 anos, que dará ao Hubble uma sobrevida até 2013, data prevista para o lançamento de seu sucessor, o James Webb Space Telescope.

O telescópio espacial Hubble transmitiu imagens de um conjunto de galáxias chamado Arp 147
O telescópio espacial Hubble transmitiu imagens de um conjunto de galáxias chamado Arp 147

Cientistas procuram gelo nas sombras da Lua

Por anos os cientistas vêm imaginando se existe gelo feito de água na superfície da Lua. A questão tem interesse mais do que acadêmico, porque o gelo poderia ser utilizado em uma futura base espacial na produção de oxigênio para respiração e de hidrogênio para abastecer naves espaciais.

Já que praticamente toda a Lua fica exposta à luz do sol, só poderia existir gelo nas poucas áreas que ficam em sombra permanente - as paredes internas e os pisos de certas crateras localizadas perto dos pólos do satélite. Uma das candidatas era a cratera Shackleton, que tem cerca de 21 quilômetros de diâmetro e quatro quilômetros de profundidade.

Mas imagens obtidas por uma espaçonave japonesa ajudam a eliminar a possibilidade de que haja gelo de superfície na Shackleton. Porque partes da cratera vivem em sombra permanente, as imagens dependem da iluminação solar refletida pelas paredes da cratera do lado oposto.

Em uma análise dessas imagens, publicada pela revista Science, Jinichi Haruyama, da Agência Japonesa de Exploração Aerospacial, e seus colegas reportam que a área é decerto fria o bastante para abrigar gelo, mas que a refletividade indica que exista apenas solo no local. Caso exista gelo na cratera, afirmam os pesquisadores, ele provavelmente está misturado ao solo em baixa concentração.

Tradução: Paulo Migliacci

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

China lança satélite venezuelano Simón Bolívar

A China lançou às 0h56 local (14h56 de Brasília) o satélite venezuelano de telecomunicações "Simón Bolívar", primeiro construído no país asiático para a Venezuela, do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, no sudoeste chinês.

Após o lançamento, o satélite demorou exatamente 25 minutos até situar-se na primeira órbita e, em algus dias, passará à definitiva. Os representantes oficiais da Venezuela, que se posicionaram em dois centros de controle diferentes -chefiados pelos ministros de Ciência e Tecnologia, Nuris Orihuela, e de Educação, Héctor Navarro-, manifestaram sua satisfação pelo sucesso do lançamento.

"Finalmente temos nosso satélite, um satélite de telecomunicações socialista com objetivos sociais, o que o diferencia dos comerciais", disse a embaixadora da Venezuela na China, Rocío Maneiro. "Estamos todos muito felizes, nos abraçamos emocionados. Falei com a ministra que está no outro centro há uma hora e meia de distância e ela está felicíssima", acrescentou Maneiro.

O "Simón Bolívar" faz parte do projeto "Venesat-1", no qual o Governo de Hugo Chávez investiu mais de US$ 406 milhões e que inclui a formação tecnológica na China de engenheiros venezuelanos. "Sua utilização na tele-educação e telemedicina para chegar às povoações mais afastadas e desprotegidas do sul e leste do país será decisiva", declarou o ministro da Educação, Héctor Navarro.

Na base Luepa, no estado venezuelano de Bolívar, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contragulou-se com seu colega e aliado boliviano Evo Morales pelo lançamento do satélite. O lançamento do satélite de comunicação foi transmitido ao vivo e em cadeia nacional por todos os canais de televisão na Venezuela, que também mostraram o acompanhamento na base de Luepa.

Sonda detecta novo tipo de mineral em Marte

Um novo tipo de mineral descoberto em Marte pela sonda espacial Mars Reconnaissance Orbiter indica a presença de água há muito mais tempo do que se acreditava, informou ontem a agência EFE. Para o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), da Nasa, agência espacial americana, o mineral também aponta a importância que teve a água na topografia do planeta vermelho, assim como a possibilidade de existir vida.

Os pesquisadores disseram que a presença de silício hidratado, também conhecido como opala, são indícios fundamentais da presença de água há milhões de anos em Marte. Segundo Scott Murchie, do Laboratório de Ciências Aplicadas da Universidad Johns Hopkins, "é uma importante descoberta porque extende o tempo em que a água líquida e algum tipo de vida possam ter existido há dois milhões de anos", afirmou.

Em comunicado, o JPL informou que os novos minerais se formaram quando a água alterou os materiais criados pela atividade vulcânica e pelo inmpacto de um meteorito. Até o momento, haviam sido detectados apenas filosilicatos e sulfatos hidratados que se formaram há 3,5 milhões de anos.

"Identificamos materiais opalinos em finas camadas de terra que se estendem por longas distâncias no interior do que poderia ter sido um rio", disse Ralph Milliken, cientista do JLP. Para o JLP, quanto mais tempo tenha existido água, mais tempo houve para alguma forma de vida habitar o planeta.

O silício hidratado, também conhecido como opala, indica a presença de água há muito mais tempo do que se acreditava em Marte
O silício hidratado, também conhecido como opala, indica a presença de água há muito mais tempo do que se acreditava em Marte

Aquecedores de robô de Marte serão desligados

Os engenheiros que controlam a distância a missão Phoenix Mars Lander, da Nasa, estão planejando começar a desligar os aquecedores do veículo um a um, o que terminará por congelá-lo e desativá-lo.

O veículo de exploração de superfície está enviando dados de Marte à Terra há cinco meses - bem mais que os três meses que deveria durar -, mas começará a perder energia quando a luz do Sol começar a se reduzir.

"Como esperado, com a chegada do outono no hemisfério Norte, o veículo está gerando menos energia devido aos dias mais curtos e ao menos número de horas de luz solar para seus painéis solares", anunciou a agência espacial norte-americana em comunicado.

O veículo registrou nevascas, raspou gelo e descobriu que a poeira de gelo presente na superfície de Marte se assemelha quimicamente à água do mar terrestre, o que representa novo indício de que água em forma líquida pode um dia ter sustentado vida na superfície do planeta.

"Se não tomássemos nenhuma providência, não demoraria para que a energia necessária a operar o aparelho excedesse o volume de energia que este é capaz de acumular a cada dia", afirmou em comunicado Barry Goldstein, o diretor do projeto Mars Lander, no Jet Propulsion Laboratory da Nasa, na Califórnia.

"Ao desligar alguns dos aquecedores e instrumentos do veículo, podemos prorrogar a vida da sonda por diversas semanas e continuar a conduzir certos trabalhos científicos", disse.

A Nasa disse que os quatro aquecedores de sobrevivência seriam desligados um de cada vez, a começar na terça-feira, em prazo de algumas semanas.

A equipe da Phoenix manteve uma sonda térmica e uma sonda de condutividade elétrica enterradas no solo para medir temperatura, umidade e condutividade. O veículo não precisa de um aquecedor e deve continuar capaz de enviar dados por algumas semanas.

Ainda na terça-feira, a Nasa havia anunciado que o Mars Reconnaissance Orbiter, um veículo de exploração orbital de Marte, havia encontrado indícios da presença de opalas - uma nova categoria de minerais cuja descoberta sugere que existia água em forma líquida na superfície do planeta um bilhão de anos mais tarde do que os cientistas supunham.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Nuvens de metano em Marte podem indicar vida

Mais de quatro anos depois que os pesquisadores informaram pela primeira vez sobre a descoberta de gás metano em Marte, um cientista alega que conseguiu "confirmar firmemente" a controvertida detecção e identificar as principais fontes do gás.

Na Terra, o metano tem origem primordialmente biológica; em Marte, ele poderia sinalizar a presença de micróbios vivendo em grande profundidade no subsolo. As mais recentes pesquisas sugerem que o metano marciano esteja concentrado tanto no espaço quanto no tempo - como uma série de pontos de concentração de centenas de quilômetros de extensão, formando plumas de fumaça de metano que florescem e se dissipam em menos de um ano.

As notícias sobre a detecção já vinham circulando entre os estudiosos de Marte há alguns meses, e bem no momento em que começa a ser discutido o local de operação do Mars Science Laboratory (MSL), um veículo de exploração de superfície de US$ 2 bilhões que deve ser lançado em 2009 para avançar os estudos do planeta.

O MLS transportará um instrumento capaz de detectar tanto a presença de sinais modestos de metano e de ajudar a discernir se eles têm origem geológica ou botânica. Uma das nuvens de metano supostamente detectadas cobre um dos sete possíveis locais de pouso do MSL: Nili Fossae, que não encontrou destaque como local de pouso entre a comunidade científica em uma avaliação conduzida em setembro, a qual não levou em consideração os detalhes emergentes sobre a presença de metano.

"Agora é como se tivéssemos placas no planeta que dizem 'ei, estou aqui, venham para cá!'", diz Michael Mumma, cientista planetário do Centro Goddard de Vôo Espacial da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), em Greenbelt, Maryland. Ele apresentou os resultados do trabalho de sua equipe em uma reunião da Sociedade Astronômica Americana em Ithaca, Nova York, no dia 11 de outubro.

Mumma vem argumentando em defesa da presença de metano em Marte desde 2003, quando algumas outras descobertas iniciais começaram a emergir. Um grupo, utilizando o telescópio financiado pela França, Canadá e Havaí no monte Kea, Havaí, encontrou índices planetários residuais de metano da ordem de 10 partes por bilhão, mas não conseguiu localizar outros detalhes.

Um segundo grupo, usando milhares de imagens espectrográficas obtidas pelo explorador orbital Mars Express, da Agência Espacial Européia (ESA), encontrou nível planetário semelhante de metano residual, com indicações de possíveis variações regionais de concentração. Mas parte do impacto desse estudo foi diluído quando o diretor científico, Vittorio Formisano, do Instituto de Física e Espaço Interplanetário de Roma, apresentou também alegações separadas sobre a presença de amônia e formol, que não foram substanciadas.

Mumma, um especialista em imagem espectrográficas, obteve dados de telescópios no Havaí e no Chile, para sustentar a idéia de pontos de concentração de metano.

Agora, ele diz que sabe ao certo e que está pronto a publicar seus resultados. Depois de acumular mais quatro anos de dados, Mumma confirmou a presença de metano equiparando quatro linhas em suas imagens espectrográficas da atmosfera do planeta à assinatura característica do metano - uma determinação mais definitiva do que análises anteriores - e encontrou mais provas de que o metano está concentrado em focos geográficos separados, com presenças da ordem de 60 partes por bilhão como pico de concentração.

"Os números dele mudaram consideravelmente ao longo do tempo. Mas Mike apresenta argumentos bastante convincentes¿, diz Steven Squyers, cientista planetário da Universidade Cornell, em Ithaca, e diretor científico dos veículos de exploração de superfície Spirit e Opportunity, que realizaram trabalhos de pesquisa em Marte.

Mais importante que os picos de concentração, diz Mumma, é a curta duração das nuvens de metano. Anteriormente, acreditava-se que o metano fosse destruído pela luz do sol na atmosfera - um processo lento que permite que o gás se misture com a atmosfera e persista por cerca de 300 anos.

Uma presença planetária da ordem de 10 partes por bilhão combinada a uma duração de centenas de anos significa que algumas centenas de toneladas de metano estariam chegando à atmosfera a cada ano: o equivalente ao trabalho de alguns poucos milhares de vacas.

Mas as nuvens de 60 partes por bilhão com duração de menos de um ano indicam ritmo de produção de metano algumas ordens de magnitude mais elevado. "Isso é importante", diz Sushil Atreya, da Universidade do Michigan em Ann Arbor, co-autor do estudo sobre o trabalho do Mars Express em 2004.

Determinar se a origem das nuvens de metano é orgânica ou geológica é impossível, por enquanto, de acordo com Atreya. Por exemplo, pode ser que haja micróbios vivos na região recoberta por uma espessa camada congelada, e o metano que emitem como resíduo poderia subir à superfície.

O metano também pode surgir de reações químicas nas quais rochas vulcânicas enterradas, ricas no mineral olivina, interagem com a água.

Uma terceira possibilidade seria que o metano esteja escapando de clatratos enterrados, depósitos de metano em forma de gelo formado no passado por um dos dois mecanismos mencionados acima.

Mas o próximo veículo de exploração de Marte da Nasa poderá analisar, em nível de partes por trilhão, as concentrações fracionais de isótopos de carbono em cada molécula de metano. A vida na Terra prefere processar os átomos de carbono 12, mais leves. E, assim, caso o metano de Marte tenha carbono 12, isso pode indicar origem biológica.

John Grotzinger, geólogo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, e diretor científico do MSL, diz que a detecção de metano pode ser importante na escolha do destino do veículo.

"Vamos considerar a questão seriamente", afirma. "Precisamos avaliar os dados e determinar se Nili Fossae é o único local em que isso acontece". Os resultados sobre o metano podem ser debatidos em um reunião no mês que vem, na qual os sete locais serão avaliados do ponto de vista da engenharia e segurança.

Uma alteração de prioridade quanto aos sites pode ser realizada, diz Grotzinger, mas ele precisa de dados sólidos para isso. "Palestras não contam. O estudo precisa ter sido publicado", diz.

O relatório de pesquisa de Mumma está sob revisão pela revista Science.

A presença de metano em Marte poderia sinalizar a presença de micróbios vivendo em grande profundidade no subsolo
A presença de metano em Marte poderia sinalizar a presença de micróbios vivendo em grande profundidade no subsolo

Tradução: Paulo Migliacci

China lançará satélite venezuelano nesta 5ª feira

A China colocará em órbita um satélite de telecomunicações venezuelano no dia 30 deste mês, informou hoje o Centro de Lançamento de Satélite de Xichang, da China.

Será a primeira vez que os chineses farão um lançamento totalmente comercial desse tipo com um país latino-americano, disse a fonte. Até então os chineses haviam realizado missões dessa natureza em parceria com governos daquela região, mas sem finalidades econômicas.

O foguete transportador do satélite será um Grande Marcha 3B que levará o Satélite de Telecomunicação Venezuela 1.

A Companhia da Indústria Grande Muralha é a única autorizada a realizar esse tipo de negócio. Segundo a página web da empresa, o país fez seu primeiro lançamento espacial comercial em 5 de agosto de 1987, quando um foguete Grande Marcha 2C levou para o espaço um instrumento de teste micro-gravidade da empresa francesa Martra Maconi.

Em 1990, um Grande Marcha 3 transportou o Satélite de Comunicações AsiaSat-1, em um negócio com a empresa AsiaSat Hong Kong.

A missão com o satélite venezuelano será a 11ª para a família de Grande Marcha e o 29º lançamento comercial internacional feito pela China. Por sua vez, a sonda venezuelana é o 35º satélite estrangeiro que a China lança ao espaço.

Réplica do satélite Simon Bolívar é exibida na cidade venezuelana de El Sombrero
Réplica do satélite Simon Bolívar é exibida na cidade venezuelana de El Sombrero

Ventos supersônicos servem como 'ar condicionado' em planetas

Os exoplanetas semelhantes a Júpiter - planetas localizados fora de nossos sistema solar- contam com jet streams supersônicas que transportam calor da parte ensolarada para a parte escura desses corpos celestes, de acordo com um novo estudo. Os planetas em questão são gigantes gasosos que orbitam bem perto dos astros de seus sistemas.

"Porque esses planetas ficam tão próximos de suas estrelas, acreditamos que eles estejam aprisionados posicionalmente, com um dos lados permanente exposto à luz solar e o segundo em permanente escuridão", disse o diretor científico do projeto de pesquisa, Adam Showman, cientista planetário da Universidade do Arizona.

"Assim, se não houvesse ventos, o lado diurno do planeta (ou seja, aquele que fica exposto à luz solar) seria extremamente quente e o lado noturno extremamente frio", acrescenta ele. Quando os ventos se aceleram, eles geram calor escaldante - ocasionalmente até mesmo em áreas do lado frio do planeta-, e em temperatura muito superior a qualquer coisa que possamos experimentar em nosso sistema solar.

Os exoplanetas "são lugares bem malucos. Nossa expectativa deve incluir ventos supersônicos e temperaturas diurnas quentes o suficiente para derreter chumbo e rochas", afirmou Showman em comunicado.

O resultado das pesquisas foi apresentado recentemente na reunião anual da divisão de ciências planetárias da Sociedade Astronômica Norte-Americana, e será publicado pelo Astrophysical Journal.

Calor extremo
Showman e seus colegas combinaram observações conduzidas pelos telescópios espaciais Spitzer e Hubble a modelos de computador, para com eles criar um mapa dos padrões climáticos e meteorológicos dos gigantes gasosos.

Cerca de 300 planetas semelhantes a Júpiter foram descobertos em torno de estrelas, e na maioria dos casos os astrônomos conseguiram calcular suas massas e suas órbitas. Para alguns desses planetas, os de brilho mais intenso, telescópios que operam no espaço, como o Spitzer, enviaram imagens que revelam também a temperatura de superfície. Trata-se de imagens capazes de revelar regimes climáticos "alienígenas", de acordo com os pesquisadores.

"Trata-se de planetas cuja distância para sua estrela é cerca de 20 vezes menor do que aquela que separa a Terra do Sol, e por isso eles são realmente fulminados pela luz solar", diz Showman. A temperatura nos lados diurnos desses planetas pode atingir até 1.648 graus.

Ventos ferozes
Mas um planeta está oferecendo aos pesquisadores um ponto de vista diferenciado. O planeta HD 189733b fica a 63 anos-luz da Terra, na constelação de Vulpecula.

A estrela do sistema, conhecida como HD 189733, fica visível da Terra para observadores equipados de binóculos, mas apenas os mais poderosos dos telescópios podem observar o planeta. Nele, a temperatura do lado noturno excede os 704 graus.

Os pesquisadores propuseram a hipótese de que os ventos conduzem o calor do lado diurno para o lado noturno e o aquecem - mas não conseguiam explicar que mecanismo causava esse aquecimento.

Showman e seus colegas realizaram simulações em computador que pela primeira vez acoplaram atividades meteorológicas com uma representação realista da maneira pela qual a luz solar é absorvida e o planeta perde calor para o espaço. Os modelos sugerem que para mover o calor, o planeta precisa ter correntes de vento, ou jet streams, com velocidades de até 11,2 mil quilômetros por hora.

"Estamos falando de ventos rápidos a ponto de levar um balão de ar quente de San Francisco até Nova York em apenas 25 minutos", disse Showman. Os computadores prevêem que os ventos se movimentem predominantemente de oeste para leste, empurrando o calor para longe da região que está recebendo mais luz solar.

"De acordo com as observações, a região mais quente do planeta não fica no centro do hemisfério iluminado, mas a leste disso, por uma diferença de talvez 30 graus de longitude", disse Showman.

"Nossas simulações foram as primeiras a explicar porque esse fenômeno acontece", ele afirma.

Ainda aprendendo
Os estudos meteorológicos sobre os exoplanetas estão evoluindo constantemente, disse Alfred Vidal-Madjar, um astrofísico do Instituto de Astrofísica da França, em Paris, que não esteve envolvido com o novo estudo.

"Todos sabem que essa dificilmente será a última palavra sobre o assunto", ele afirmou. Vidal-Madjar disse que o teste verdadeiro desses modelos surgirá de estudos de atmosferas de exoplanetas, especialmente quando eles passarem diante dos astros em torno dos quais orbitam, o que os ilumina por trás diante de observadores localizados na Terra ou em telescópios posicionados em órbita da Terra.

David Charbonneau, astrofísico do Centro Smithsonian-Harvard de Astrofísica, é co-autor do novo estudo. Ele afirmou que "é notável que possamos de fato estudar os padrões meteorológicos de planetas que orbitam outras estrelas".

"Nesse sentido, eles agora se parecem bem mais com os planetas do nosso sistema solar, com personalidades distintas que nós aprendemos a conhecer e amar ao longo do tempo", disse Charbonneau.

Os planetas em questão são gigantes gasosos que orbitam bem perto dos astros de seus sistemas
Os planetas em questão são gigantes gasosos que orbitam bem perto dos astros de seus sistemas

Tradução: Paulo Migliacci

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Astronautas americanos votarão na ISS nas eleições

Os astronautas Michael Fincke e Greg Chamitoff votarão nas eleições presidenciais americanas de 4 de novembro a partir da Estação Espacial Internacional (ISS), informou nesta segunda-feira a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

Fincke, comandante do orbitador, e Chamitoff votarão cerca de 450 quilômetros de altitude e enquanto se deslocam pelo espaço a cerca de 28 mil km/h através de um procedimento especial, disse a Nasa em comunicado.

"Os astronautas emitirão seus respectivos votos, os quais serão entregues mediante uma conexão eletrônica segura ao escritório do condado de Clerk", onde fica o Centro Johnson de Vôos Espaciais da Nasa, indicou o comunicado.

Fincke e Chamitoff integram a 17ª expedição na ISS.

EFE

Lançamento de nave abre caminho da Índia à Lua

A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro) lançou sua primeira espaçonave em direção à Lua em 22 de outubro, na mais ambiciosa missão espacial já realizada pelos indianos. A espaçonave não tripulada Chandrayaan-1 carrega instrumentos projetados para estudar a composição do solo lunar e procurar indícios de que existe gelo por sob os dois pólos da Lua.

A exploração científica "é parte importante da missão", diz Ian Crawford, do Birbeck College, parte da Universidade de Londres, e líder da equipe responsável por um dos instrumentos que a Agência Espacial Européia (ESA) forneceu para a missão. "Mas talvez haja também razões geopolíticas que superam os motivos científicos".

A missão é o esforço da Índia para tentar obter "as credenciais necessárias" a ser parte da comunidade de nações "privilegiadas por poderem explorar o espaço exterior", diz Krishnaswamy Kasturirangan, membro do Parlamento indiano e antigo presidente da Isro. A exploração espacial é atividade de alto prestígio e alta tecnologia, e Kasturirangan diz que a Índia deseja participar dessa empreitada em companhia de países que já desenvolveram seus programas espaciais, entre os quais Estados Unidos, Rússia e, mais recentemente, Japão e China.

Caça ao tesouro
Missão lunares do passado, como os programas norte-americanos Apollo e Clementine, e atuais, como a japonesa SELENE, investigaram as características e a composição da superfície lunar, em um esforço por deduzir as origens do satélite.

A Chandrayaan-1, diz Kasturirangan, oferecerá respostas "muito detalhadas" a perguntas sobre a abundância na Lua de hélio-3, um combustível que poderia ser minerado para alimentar reatores de fusão nuclear. Dos 11 instrumentos transportados pela Chandrayaan-1, cinco foram criados por cientistas indianos, dois vieram da ESA, dois da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) norte-americana e um da Academia de Ciências da Bulgária.

O espectrômetro de alta energia em raio-X (HEX) criado na Índia e o Radar de Mini-Abertura Sintética (MiniSAR) fornecido pelos Estados Unidos procurarão provas mais definitivas sobre a presença ou ausência de água congelada nos pólos lunares, que vivem sob noite permanente. O MiniSAR, por exemplo, disparará um feixe de luz polarizada em alta freqüência na direção da superfície lunar e depois capturará e analisará qualquer luz refletida.

As demais câmeras e espectrômetros da Chandrayaan-1 oferecerão "as melhores vistas da Lua hoje disponíveis, com a maior resolução", disse Noah Petro, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, em Greenbelt, Maryland, responsável por parte da instrumentação transportada pela Chandrayaan-1.

A Isro vem colocando satélites em órbita da Terra desde os anos 70. Mas a missão Chandrayaan-1, um projeto de US$ 78 milhões, representa a primeira tentativa da organização espacial indiana para enviar uma espaçonave além da órbita terrestre.

A espaçonave foi lançada do Centro Espacial Satish Dhawan Space Center, em Sriharikota. Caso tudo corra bem, ela terminará por entrar em órbita dos pólos lunares a uma distância de 100 quilômetros, e operará por pelo menos dois anos. Os cientistas indianos se comunicarão com a espaçonave da base da Isro em Peenya, norte da Índia, ao norte de Bangalore.

Kasturirangan explica que uma das motivações não científicas da missão é inspirar a próxima geração de cientistas indianas, o que permitiria criar interesse e infra-estrutura para a Chandrayaan-2 e possivelmente para missões tripuladas a Marte e a outros lugares.

Essas futuras missões ainda não têm datas de lançamento definidas, diz Kasturirangan, mas funcionários do governo indiano e da Isro já estão discutindo como concretizá-las.

Cientistas da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro) projetam equipamentos espaciais para testes
Cientistas da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro) projetam equipamentos espaciais para testes

Tradução: Paulo Migliacci ME

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Astrônomos gravam sons das estrelas

Cientistas gravaram o som de três estrelas semelhantes ao Sol usando o telescópio francês Corot. Segundo os pesquisadores, a gravação dos sons permitiu que se conseguisse captar pela primeira vez informações sobre processos que acontecem dentro das estrelas.

» Nasa apresenta ciclones de Saturno em vídeo

Os sons captados pelos cientistas revelam que as estrelas têm uma "pulsação" regular. Também é possível perceber que o som de cada uma das estrelas é levemente diferente das demais. Isso acontece porque o som das estrelas depende da idade, tamanho e composição química de cada um dos astros. A técnica de sismologia estelar, usada pelos cientistas nesta pesquisa, está tornando-se mais comum entre astrônomos, porque o som permite que se tenha uma idéia das atividades dentro das estrelas.

De acordo com o professor Eric Michel, do Observatório de Paris, a técnica já permitiu que pesquisadores tenham mais conhecimento sobre as estrelas.

"Esta é uma forma completamente nova de se olhar para as estrelas comparado com o que estava disponível nos últimos 50 anos. É muito animador", diz Michel.

O professor descobriu que a pulsação das estrelas é muito parecida com o que os cientistas imaginavam, mas há uma pequena variação. Essa variação pode indicar que os astrônomos ainda precisam refinar suas teorias sobre evolução estelar.

Os pesquisadores publicaram os resultados da pesquisa na revista científica Science. O professor Ian Roxburgh, do Queen Mary College de Londres, muitos cientistas estão tentando aperfeiçoar a técnica.

"Não é fácil. É como ouvir o som de um instrumento musical e depois tentar reconstruir a forma do instrumento", diz.

BBC Brasil

BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC BRASIL.com.

Falta de crédito pode barrar construção de naves

A fabricação das naves tripuladas Soyuz pode ser afetada por falta de financiamento, advertiu nesta sexta-feira Vitali Lapota, diretor da corporação russa especializada na produção de aparelhos espaciais.

"Se nas próximas dois ou três semanas não recebermos adiantamentos ou créditos não poderemos assumir a responsabilidade pela fabricação das Soyuz", disse Lapota em entrevista coletiva no Centro de Controle de Vôos Espaciais (CCVE) da Rússia, nos arredores de Moscou.

O funcionário explicou que dois terços dos recursos usados para a fabricação das Soyuz se originam em créditos e até agora sua corporação não recebeu os fundos necessários.

Lapota afirmou que isso se deve o fato de o Governo não ter ditado ainda a resolução para a concessão dos empréstimos e à crise financeira mundial.

"Não recebemos os créditos e não temos esperanças de que os bancos serão condescendentes conosco", acrescentou.

As naves Soyuz serão o único veículo de abastecimento e revezamento de tripulações da Estação Espacial Internacional (ISS) depois que as naves americanas deixarem o serviço em 2010.

Nave Soyuz aterrissa com segurança no Cazaquistão

A nave russa Soyuz TMA-12 com os cosmonautas russos Serguei Volkov e Oleg Kononenko e o turista espacial americano Richard Garriott aterrissou nesta sexta-feira no Cazaquistão, informou o Centro de Controle de Vôos Espaciais (CCVE) da Rússia.

» Fotos: Soyuz é lançada no Cazaquistão
» Turista paga milhões por viagem

A nave, que tinha deixado duas horas e meia antes a Estação Espacial Internacional (ISS), aterrissou cerca de 300 quilômetros ao leste de Astana, a capital do Cazaquistão, como estava previsto.

"O retorno e a aterrissagem transcorreram normalmente. Helicópteros e veículos de resgate se dirigem ao local da aterrissagem", disse o porta-voz do CCVE, Valeri Lindin, citado pela agência Interfax.

Segundo os primeiros relatórios das equipes de resgate, o estado dos três viajantes espaciais é satisfatório. A emissora de TV local Vesti exibiu imagens dos cosmonautas quando eram examinados por médicos junto ao módulo de aterrissagem. A manobra de retorno era esperada com preocupação, porque as duas últimas naves Soyuz retornaram à Terra em queda livre e de maneira descontrolada.

Volkov e Kononenko permaneceram por seis meses na ISS, enquanto o turista espacial americano, o sexto na história, ficou 10 dias na plataforma orbital.

A ISS está ocupada agora pela Expedição 18, integrada pelos astronautas americanos Michael Fincke, comandante da missão, e Gregory Chamitoff, além do cosmonauta russo Yuri Lonchakov.

Chamitoff permanecerá na estação até o acoplamento da ISS com a nave Endeavour, cujo lançamento desde o Centro Espacial Kennedy de Cabo Canaveral (EUA) está previsto para meados do próximo mês.

O turista espacial Richard Garriott pagou US$ 35 milhões por aventura
O turista espacial Richard Garriott pagou US$ 35 milhões por aventura

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Brasil e Índia intensificam cooperação na área espacial

Um acordo de cooperação internacional firmado entre os governos brasileiro e indiano vai possibilitar que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acompanhe a trajetória de um foguete lançado nesta quarta-feira pela Índia até o momento em que o satélite Chandrayaan-1 entre na órbita lunar, em 8 de novembro.

A experiência permitirá aos cientistas do Inpe conhecer a técnica utilizada pela agência espacial indiana para tornar elípticas as órbitas dos satélites, algo ainda inédito para o Brasil.

O lançamento do foguete foi acompanhado de perto pelo chefe do Centro de Rastreamento e Controle de Satélite do Inpe, Pawel Rozenfeld. "Fiquei impressionado com a precisão e o desempenho do foguete, que colocou a sonda exatamente no lugar previsto, acima da Indonésia. Estamos bastante atentos às manobras que eles realizam com os propulsores. É preciso calcular exatamente em que ponto se aplicam as forças, e o tempo de duração delas até que, aos poucos, se chegue à forma orbital elíptica", explica Rozenfeld.

A comunicação com os cientistas indianos é, segundo Rozenfeld, bem mais fácil do que as feitas com cientistas de outras agências. "Eles são menos formais. Os americanos e europeus cobram muita papelada, formulários e documentações. Com os indianos basta um telefonema ou um e-mail", comenta.

A parceria com a Índia ajudará também nos lançamentos de foguetes a partir da base aérea de Alcântara. "Precisaremos do suporte deles porque, após serem lançados, nossos satélites saem da nossa visibilidade, seguindo para o oriente. A visão geográfica deles nos auxiliará na coleta de dados. Por eles também estarem situados em região tropical, compartilham de problemas similares aos nossos, o que nos possibilitaria buscar soluções de forma conjunta", argumenta Rozenfeld.

Chefe de uma equipe de 60 pessoas distribuídas entre São José dos Campos (SP), Cuiabá (MT) e Alcântara (MA), Rozenfeld é responsável por realizar as manobras dos satélites brasileiros em órbita, principalmente nos da família Cbers que tem por função principal a coleta de imagens. "Eles tendem a perder altitude, borrando as imagens. Cada manobra consome entre 100 e 150 gramas de combustível. Em média fazemos três ou quatro manobras anuais", explica.

"Mais de 3 mil instituições brasileiras são usuárias das imagens produzidas pelos dois satélites Cbers. Não existe nenhuma instituição ligada ao meio-ambiente que não faça parte dessa lista. Seja da esfera pública, privada, acadêmica ou mesmo ONGs", garante o coordenador do Programa de Aplicação de Cbers, José Carlos Epiphânio.

Os satélites Cbers são fruto de uma parceria do Brasil com a China e já distribuíram mais de 500 mil imagens para órgãos como a Polícia Federal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de diversas universidades e ministérios.

As imagens coletadas pelo Inpe nos ajudam a produzir diversos tipos de provas materiais para o Judiciário", explica o chefe da Área de Perícias de Meio Ambiente da Polícia Federal, Mauro Magliano. Segundo ele, o Instituto Nacional de Criminalística gastava até US$ 3 mil por imagem coletada pelos satélites estrangeiros. "Ao se estabelecer como gerador desse tipo de imagens, o Inpe passou a nos fornecer o mesmo tipo de serviço gratuitamente", completou.

Em novembro, Epiphânio vai à China para discutir o andamento dos Cbers 3 e 4, que serão lançados em 2010 e 2013, respectivamente. "O Brasil está cada vez mais protagonista nessas áreas. Se antes detínhamos apenas 30% no que se referia aos aspectos de custo e de desenvolvimento aplicados, hoje somos responsáveis por 50% do que compõe os projetos", comemora Epiphânio.

Nesta quarta, também, o satélite de coleta de dados SCD-2 completou 10 anos de serviço. E na segunda-feira o Cbers-2 satélite coleta de imagens que tinha expectativa de funcionar por dois anos completou cinco anos de intenso trabalho.

Satélite pan-africano Rascom-QAF1 será substituído

O consórcio espacial europeu Arianespace e o fabricante de satélites franco-italiano Thales Alenia Space anunciaram nesta quarta um contrato para lançarem em 2010 o satélite pan-africano que substituirá o Rascom-QAF1, cuja vida útil foi diminuída de 15 para 2 anos por causa de um problema técnico.

O chamado Rascom-QAF1R oferecerá serviços de telecomunicações nas regiões africanas rurais, em conexões interurbanas e internacionais, em TV direto e acesso à internet.

O novo satélite substituirá o Rascom-QAF1, que não pôde ser colocado em sua órbita correta por causa de um problema técnico após seu lançamento, em dezembro de 2007.

Quatro semanas depois pôde ser colocado em sua órbita geoestacionária, a 36 mil quilômetros de altura, mas as manobras consumiram hélio, o que reduziu "consideravelmente" sua vida útil, diminuindo de 15 anos para apenas 2.

O novo satélite, baseado em uma plataforma Spacebuss 4000 B3, será colocado em órbita por uma plataforma de lançamento Ariane 5 ou Soyuz, explicou a Arianespace em comunicado da base espacial de Kuru, na Guiana francesa.

O Rascom-QAF1R estará equipado com 12 repetidores de banda Ku e 8 de banda C e terá um peso no lançamento de 3,2 mil kg.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lançada com sucesso primeira missão lunar indiana

A Índia lançou com sucesso a sua primeira missão não tripulada à lua, às 22h50 desta terça-feira. O satélite vai ao espaço com o objetivo de captar imagens da superfície lunar, segundo a CNN.

»Veja mais fotos do lançamento
» Veja vídeo do foguete indiano

A nave, batizada de Chandrayaan-1, vai orbitar a lua durante dois anos. Com o lançamento, a Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO, em inglês) entra na corrida espacial ao lado de países como EUA, China e Rússia.

"O lançamento foi perfeito. A nave chegará à órbita lunar em 15 dias e de lá começará sua tarefa", disse à agência Efe um porta-voz da organização.

A nave, de aproximadamente 1,4 mil kg e equipada com 11 instrumentos científicos, custou 3,86 bilhões de rúpias (cerca de US$ 78 milhões), segundo a emissora indiana NDTV".

Tanto o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, como a presidente, Pratibha Patil, comemoraram o lançamento, que foi qualificado pela imprensa indiana como um "grande salto" no programa espacial do país.

Um porta-voz do programa espacial da Índia afirmou que o país pretende enviar um indiano ao espaço em um prazo de cinco anos, e estuda a possibilidade de que um astronauta local pise em solo lunar em 2025.

Chandrayaan-1 vai orbitar a lua durante dois anos
Chandrayaan-1 vai orbitar a lua durante dois anos

Com informações de agências internacionais

Rússia vai investir bilhões no setor espacial

A Rússia vai gastar bilhões de dólares nos próximos três anos a fim de consolidar seu papel de destaque no setor espacial, disse o primeiro-ministro Vladimir Putin nesta terça-feira.

O ex-presidente disse numa reunião do governo, segundo a imprensa local, que a Rússia, responsável por 40% de todos os lançamentos espaciais, vai destinar mais de 200 bilhões de rublos (7,68 bilhões de dólares) do orçamento federal para o desenvolvimento do setor espacial entre 2009 e 2011.

A nave tripulada Soyuz e os veículos de carga Progress têm sido os principais meios de acesso à Estação Espacial Internacional desde que a explosão do ônibus espacial Columbia, dos EUA, em 2003.

"É óbvio que este status de parceiro internacional confiável deveria ser constantemente mantido", disse Putin na reunião especial realizada na região siberiana de Krasnoyarsk.

A Nasa (agência espacial dos EUA) pretende aposentar sua frota de ônibus espaciais até 2011. "Evidentemente , entre 2011 e 2016 os Estados Unidos não possuirão uma nova nave espacial para substituir o ônibus espacial", disse Anatoly Perminov, diretor da agência espacial russa, a Roskosmos, a Putin, segundo as agências de notícias.

"Então a nave russa arcará com a maior parte dos trabalhos de transporte e manutenção, bem como a substituição das tripulações e o lançamento de naves de carga européias e japonesas de vez em quando", acrescentou.

Putin disse que a Rússia já tem mais de cem satélites, e que o número vai crescer, possivelmente para o desenvolvimento de um sistema nacional de navegação por satélite. Também deve haver pesquisas geológicas a partir do espaço, controle ambiental e monitoramento dos recursos agrícolas, florestais e hídricos.

O primeiro-ministro disse ser necessário fazer um uso mais eficiente dos feitos espaciais, pois do contrário a Rússia "poderia perder um mercado promissor em sua própria terra."

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"Atlantis" volta ao hangar após missão do Hubble ser adiada

A nave "Atlantis" foi levada hoje da rampa de lançamento ao hangar no Centro Espacial Kennedy, após a missão de serviço do telescópio Hubble ser adiada até fevereiro.

A "Atlantis" partiu sobre o transporte desde a rampa 39A em Cabo Canaveral, no sul da Flórida, pouco antes de 9h (em Brasília) em direção ao enorme Edifício de Montagem de Veículo, onde permanecerá até fevereiro.

Desta forma, a rampa ficou livre para o lançamento da nave "Endeavour", que esteve na vizinha, pronto para servir como nave de socorro da tripulação da "Atlantis".

Esta nave permanecerá acoplada à espera de lançamento, que foi adiado depois que surgiram problemas em um dos computadores que enviam informação desde o Hubble à Terra.

A "Endeavour", cujo lançamento está previsto para 14 de novembro, iniciará seu trajeto desde a rampa 39 à 39A no sábado, informou a Nasa.

Esta nave cumprirá uma missão de transporte de um novo tripulante, equipamentos e provisões para sustentar as seis pessoas que permanecerão na Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês).

Por sua vez, a mudança da "Endeavour" deixará livre a rampa 39B para que continuem os trabalhos de modificação que a Nasa acredita serem imprescindíveis antes do início, no próximo ano, dos testes do novo foguete Ares I-X.

Estes foguetes, que retornam à configuração inicial da prospecção espacial na qual uma cápsula era lançada à órbita no teto de um projétil descartável, substituirão as naves quando estas saírem de serviço nos próximos anos.

Sonda luta contra o tempo para decifrar dúvidas sobre Marte

Cientistas lutam contra o tempo para tentar decifrar algumas das principais dúvidas sobre Marte antes que o inverno rigoroso paralise as operações da sonda espacial Phoenix, que pousou no planeta vermelho em maio.

Desde o início da missão, a sonda vem fazendo descobertas cruciais para o conhecimento do planeta - a mais importante: a constatação de que existe água congelada no solo de Marte.

A sonda Phoenix sobreviveu muito além dos 90 dias previstos na região polar de Marte. Mas, com a chegada do inverno no planeta, o equipamento não será capaz de recarregar suas baterias e deixará de funcionar para sempre.

A missão tem sido avaliada como um grande sucesso para a Nasa (agência espacial americana), graças à descoberta da camada de gelo e à utilização de diversos instrumentos, incluindo um laboratório quimico, um microscópio e um forno para analisar pela primeira vez a água de Marte.

Agora, os cientistas tentam encontrar matéria orgânica antes que as baterias da sonda parem de funcionar. Isso seria fundamental para descobrir se já houve vida em Marte.

Os pesquisadores também esperam ativar um microfone na sonda para gravar os sons do planeta, também pela primeira vez.

Música
O repórter de ciência da BBC Matt McGrath foi ao quartel-general da missão, em Tucson, no Arizona (Estados Unidos), onde cientistas da Universidade do Arizona comandam a operação. McGrath conversou com o chefe da missão, o cientista Peter Smith.

"Estamos valentemente buscando matéria orgânica em Marte, esse é o principal objetivo da missão", afirmou Smith.

Mas segundo o cientista, a resposta para a questão sobre a existência de vida em Marte pode demorar.

"Você não pode dizer que não há dinossauros vivos porque pessoalmente não foi a todos os cantos da Terra verificar isso", argumenta. "Para nós, não é possível ir a Marte, explorar dois lugares e concluir que não existe vida".

"Só teremos uma resposta definitiva se eles encontrarem vida, caso contrário, você não tem como saber", acrescentou.

Smith falou também de outra meta da equipe: ouvir a "música" de Marte.

"Estamos mudando o software e fazendo ajustes que vão permitir que liguemos o microfone", afirmou o pesquisador. "Acho que vai ser um barulho interessante, pode ser música, eu não sei."

A sonda Phoenix não deve sobreviver por muito mais tempo, mas marca a chegada de uma nova geração de missões científicas que, nos próximos dez anos, vão explorar Marte com uma minúcia nunca vista.

BBC Brasil

BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC BRASIL.com.

Contagem regressiva para lançamento da missão lunar indiana

A Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO, em inglês) iniciou nesta segunda-feira a contagem regressiva para o lançamento de sua primeira missão não tripulada à lua, informou uma fonte do projeto espacial.

"A contagem regressiva do lançamento do Chandrayaan-1 começou esta manhã às 5h22 (21h52 de Brasília do domingo) e está progredindo sem problemas", disse o vice-diretor do Centro Espacial de Satish Dhawan, M. E. S. Prasad, citado pela agência PTI.

O satélite, que pesa cerca de 525 quilos, será lançado a partir desse centro espacial situado perto da cidade de Chennai.

O lançamento está previsto para as 6h20 desta quarta-feira (22h50 da terça-feira, horário de Brasília) e será feito através de um veículo de lançamento de satélite polar. Prasad disse que já finalizaram todos os preparativos, incluindo a revisão dos sistemas.

O satélite Chandrayaan-1 tem vida útil de dois anos e orbitará a 100 quilômetros da lua, para elaborar mapas e gravar imagens da superfície lunar. A agência espacial indiana realizou vários lançamentos de satélites ultimamente, alguns de fabricação estrangeira.

Em setembro de 2007, a agência anunciou planos de construir uma "constelação" de sete satélites geoestacionários no valor de US$ 395 milhões até 2012.

A organização também anunciou seus objetivos de alcançar um volume de negócio de cerca de US$ 60 milhões através da fabricação de satélites.

O satélite, pesa cerca de 525 quilos, e  será lançado de centro espacial situado perto da cidade de Chennai
O satélite, pesa cerca de 525 quilos, e será lançado de centro espacial situado perto da cidade de Chennai

domingo, 19 de outubro de 2008

Nasa lança sonda para explorar confins do sistema solar

A Nasa lançou neste domingo a sonda Ibex, cuja missão de dois anos tem o objetivo de obter imagens e mapear os misteriosos confins do sistema solar, onde começa, a dezenas de bilhões de quilômetros da Terra, o espaço interestelar. A sonda foi lançada às 17h45 (GMT), segundo imagens difundidas ao vivo pela agência espacial.

A Ibex (Interstellar Boundary Explorer) está dotada de instrumentos que a permitirão obter imagens e estabelecer a primeira cartografia dessa vasta zona de turbulências e campos magnéticos mesclados, onde as partículas dos ventos solares quentes se chocam com as partículas interestelares de outras estrelas da Via Láctea.

"As regiões fronteiriças do espaço interestelar são essenciais porque nos protegem da maioria dos raios galácticos mais perigosos", disse David McComas, diretor científico da missão. "Sem essa zona, esses raios penetrariam na órbita terrestre tornando os vôos orbitais humanos muito mais perigosos", acrescentou.

As únicas informações das quais os cientistas dispõem sobre os confins do sistema solar foram dadas pelas sondas Voyager 1 e Voyager 2, lançadas em 1977 e ainda em operação.

A sonda Ibex será lançada a bordo de um foguete Pegasus que, por sua vez, será lançado de um tri-reator Lockheed L-1011 voando a 12.000 m sobre as Ilhas Marshall no Oceano Pacífico.

Cidade das Estrelas é 2ª casa de astronautas americanos

Garrett Reisman estava a caminho da Cidade das Estrelas, uma antiga base militar secreta da União Soviética, para um programa de treinamento que duraria semanas quando recebeu um telefonema no celular. Era Steven Lindsey, seu chefe, o diretor do programa de astronautas da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa).

» Veja fotos da base secreta russa

"Volte a Houston. Seu treinamento foi cancelado. Eles estão jogando duro", recorda Reisman, apanhado em uma disputa passageira entre a Nasa e a Roscosmos, a agência espacial da Rússia.

Mas a viagem cancelada de Reisman foi apenas um solavanco em seu caminho para o espaço; o astronauta passou três meses à bordo da Estação Espacial Internacional este ano, fez uma caminhada fora da estação e chegou a trocar piadas com o comediante Stephen Colbert por um link de vídeo ao vivo.

Todo mundo que trabalha com o programa espacial russo tem histórias semelhantes a contar, envolvendo burocracia implacável, regras bizantinas e decisões que parecem motivadas por caprichos.

E muitas dessas histórias transcorrem na Cidade das Estrelas, onde os cosmonautas russos e, agora, astronautas de todo o muno treinam para voar nas espaçonaves russas Soyuz que os transportarão à Estação Espacial Internacional, um projeto que já consumiu US$ 100 bilhões.

A Cidade das Estrelas se tornou um segundo lar para os norte-americanos que colaboram com os russos, e vai ganhar ainda mais importância. Nos cinco anos que separarão o fim do programa do ônibus espacial, que a Nasa encerrará em 2010, e a entrada em operação das novas espaçonaves norte-americanas, em 2015, só a Rússia transportará passageiros para a estação.

Aqueles que trabalham diretamente com os russos dizem que anos de colaboração resultaram em relacionamento forte e respeito mútuo. E afirmam que, não importa quais possam ser as considerações geopolíticas mais amplas relacionadas a depender da Rússia para transporte espacial nos cinco anos em que os Estados Unidos não poderão utilizar espaçonaves próprias para chegar à estação espacial, acreditam que a parceria multinacional que resultou na estação se manterá.

"Trata-se de uma notável realização política", diz Reisman. "Nós passamos por tantos governos diferentes", não só nos Estados Unidos e Rússia mas em dezenas de países que colaboraram com a construção do laboratório orbital. "E o projeto sobreviveu a tudo isso", ele diz. "Está firme, e na verdade só ganhou força com o passar do tempo, à medida que aprendíamos a trabalhar juntos".

Para compreender por que Reisman e pessoas como ele acreditam que a parceria possa continuar funcionando pelas próximos sete anos, é importante compreender o que aconteceu nos 15 anos que se passaram, quando Estados Unidos e Rússia uniram forças, primeiro levando tripulantes norte-americanos à estação espacial russa Mir e depois construindo a Estação Espacial Internacional.

E essa união de forças aconteceu bem aqui, na Cidade das Estrelas - e, de certa maneira, não registrou um início auspicioso.

Nos dias iniciais da parceria, na metade dos anos 90, depois do colapso da União Soviética e em meio às dificuldades que a Rússia estava enfrentando para se estabelecer como Estado autônomo, a escassez de suprimentos ocasionalmente queria dizer fome.

"Não havia comida alguma no estoque", conta Michael Barratt, que trabalhou com as primeiras equipes que prepararam astronautas para serviço na Mir. "Cinco noites por semana jantávamos arroz com feijão".

John McBrine, o atual diretor das operações norte-americanas na Cidade das Estrelas, perdeu 13 quilos em sua primeira passagem de serviço pelo local, entre julho e outubro de 1994.

Os primeiros dias também foram caracterizados por cautela e desconfiança, e os norte-americanos que se integram primeiro ao projeto tinham a forte impressão de que estavam sendo vigiados. Mark Bowman, um dos primeiros norte-americanos a trabalhar sob contrato na Rússia e hoje diretor assistente do programa de vôos espaciais tripulados dos Estados Unidos naquele país, se lembra da teleconferência semanal que costumava realizar com seu chefe em Houston.

"Passados 30 minutos de conversa, a linha emudecia", conta Bowman. "E isso acontecia a cada 30 minutos".

Certo dia, durante a teleconferência, Bowman alertou, aos 28 minutos, que a linha estava para cair, e disse, irritado: "Eu bem queria que esses caras do KGB comprassem fitas mais longas". "Na próxima teleconferência que realizamos", ele recorda, "juro que a linha ficou aberta por 45 minutos antes de cair". Aparentemente, afirma, os anfitriões haviam decidido gravar a conversa em fitas de 90 minutos.

A Energia, empresa fabricante de espaçonaves que fica perto do Centro de Controle de Missão, em Korolev, próximo a Moscou, não permitia que norte-americanos entrassem em suas instalações. Em lugar disso, ela alugou espaço em uma faculdade de engenharia vizinha para preparar o equipamento norte-americano que seria enviado à estação.

"O aquecimento não funcionava", conta Bowman, e o inverno de 1994/5 foi especialmente severo, com temperaturas de menos 20 graus centígrados.

Além da falta de conforto, o alto nível de sigilo do programa espacial russo incomodava ainda mais os norte-americanos. Os russos não explicaram plenamente, por exemplo, o quanto uma acoplagem manual poderia ser perigosa para a Mir e para a espaçonave de carga, em junho de 1997.

Quando uma tentativa resultou em colisão que colocou em risco a vida dos dois cosmonautas russos e do astronauta norte-americano Michael Foale, os ocupantes da decrépita estação no momento, os norte-americanos não estavam plenamente informados.

Mas os sete anos seguintes foram menos gélidos, e mais positivos. "As coisas melhoraram muito, de lá para cá", diz Bowman. O sistema russo se tornou mais aberto e o nível de conforto pessoal e as conveniências melhoraram muito.

Em lugar do sistema telefônico nada confiável do passado, Bowman pode ser localizado em qualquer parte por um serviço digital que se integra à rede da Nasa. "É como se eu estivesse no Centro Espacial Johnson", ele diz.

Os escritórios norte-americanos na Cidade das Estrelas ficam em um edifício conhecido como "Prophy", de "Prophylactorium", o ambiente profilático no qual os astronautas vivem em quarentena antes dos vôos.

Hoje ele porta o nome Hotel Apollo-Soyuz, em honra do encontro histórico entre as espaçonaves dos dois países no espaço. Ao menos esse é o nome que os norte-americanos dão ao estabelecimento: para os russos, ele é o Hotel Soyuz-Apollo.

A Nasa aluga o segundo pavimento - escritórios tediosos com painéis de madeira e iluminação fluorescente esverdeada. Aqui, tradutores interpretam o volumoso material educativo que os astronautas terão de receber - eles aprendem russos e assistem aulas ministradas nesse idioma - e assistentes administrativos organizam os furgões que transportam visitantes dos aeroportos para a Cidade das Estrelas e para Moscou.

No total, há sete funcionários civis da Nasa, nove norte-americanos trabalhando sob contrato como terceirizados e 55 russos empregados em seu país pela agência espacial dos Estados Unidos.

Um fluxo constante de astronautas, controladores de vôo, médicos, cientistas, engenheiros e dirigentes circula pelo local.

Muitos dos norte-americanos vivem em um edifício de apartamentos duplex na Cidade das Estrelas que parece ter caído do espaço diretamente em meio a essa paisagem soviética de edifícios de tijolos, cercas e barreiras. Os apartamentos foram projetados e construídos em estilo norte-americano, para que os visitantes possam, por exemplo, conectar seus laptops à parede sem precisar de adaptador para a tomada.

McBrine e seu pessoal trabalham para criar um senso de comunidade. O dia começa no bangalô de McBrine com um café coletivo para os norte-americanos, quer os permanentes, quer os transitórios.

Jantares de confraternização regulares são outro recurso para combater a sensação de isolamento. A sala de jantar de McBrine costuma estar sempre repleta de astronautas norte-americanos, funcionários da Nasa, cosmonautas russos, viajantes espaciais das agências espaciais européias e japonesa, bem como o ocasional turista espacial milionário.

Mas restam significativas diferenças culturais entre russos e norte-americanos, aqui. Por exemplo, trabalhar lado a lado com os russos, dizem os norte-americano, os ajudou a compreender a abordagem do país com relação à segurança.

Barrett disse que quando ele primeiro visitou as instalações da Cidade das Estrelas, o desnível nas calçadas o surpreendeu. Na Nasa, afirmou, "haveria grandes cartazes vermelhos alertando as pessoas para o risco". E, se alguém caísse, logo surgiria um processo. Na Rússia, conta, as pessoas simplesmente olham para onde andam.

O ponto implícito dessa prática, diz Mark Thiessen, o vice-diretor da Nasa, é que "os russos aceitam riscos¿. Os norte-americanos tentam "eliminar os riscos em lugar de minimizá-los".

A abordagem norte-americana é louvável, ele afirma, mas nem sempre prática, e os norte-americanos por isso terminam sendo mais cautelosos que os russos. "Ninguém se dispõe a dizer que aceita um risco", ele afirma.

Muita gente que escreve sobre o programa espacial russo se concentra na impressão de obsolescência que ele pode causar - os edifícios abandonados e a ferrugem nos locais de lançamento em Baikonur (Cazaquistão) e o fato de que o projeto básico das espaçonaves Soyuz não muda há 40 anos.

Mas os especialistas norte-americano sugerem que o descuido dos russos para com a perfeição cosmético e o desenvolvimento é irrelevante, e que a idade do projeto expõe uma abordagem conservadora quanto aos riscos das viagens espaciais que serviu muito bem ao país.

"Eles gastam dinheiro onde precisam", disse Phillip Cleary, ex-diretor do programa de vôo espacial tripulado da Nasa na Rússia. "Não se preocupam muito em pintar edifícios caso isso seja desnecessário".

Os norte-americanos dizem que, apesar das aparências, os russos dão tanto importância quanto eles à segurança. O resultado, dizem diversos astronautas, é que eles confiam na Soyuz, um produto tão resistente e confiável quanto um fuzil de assalto Kalashnikov.

Os norte-americanos dizem que aprenderam muito sobre como fazer com que as coisas funcionem na Rússia. Sabem que a primeira resposta a qualquer pedido costuma ser não, mas que negociações podem reverter essa decisão.

Conhecer as pessoas certas é mais importante que conhecer as regras. "Não existe acordo melhor do que um relacionamento", diz Barratt.

E nenhum deles questiona a dedicação dos colegas russos. No pior momento da crise econômica soviética, conta Barratt, "os trabalhadores foram instruídos a tirar férias", por dois meses, para que o governo não precisasse pagar seus salários. "E eles apareciam para trabalhar todos os dias", ele recorda.

Foale, que viveu na Mir e na Estação Espacial Internacional, diz que "os russos sempre viram os Estados Unidos como inimigo número um e parceiro número um". Os líderes do país "pensam em prazo muito longo", ele diz, "e os russos não são conhecidos por jogar xadrez mal".

Em sua opinião, o mais importante para garantir a cooperação futura é firmar uma estratégia de cooperação internacional no retorno à Lua, o que daria aos russos interesse na parceria e no resultado. "Temos só de indicar o contorno de uma estratégia, e creio que não haverá problema", diz. "Mas precisamos de uma estratégia".

Os trabalhadores norte-americanos na Cidade das Estrelas dizem que, em nível pessoal, a geopolítica simplesmente não importa. Thiessen disse que quando o assunto surge em conversa com os anfitriões russos, eles respondem: "Isso é política. Que os governos se preocupem com o governo. Somos engenheiros. Vamos resolver o problema prático".

Algumas estruturas da Cidade das Estrelas parecem ter caído do espaço diretamente em meio à paisagem soviética
Algumas estruturas da Cidade das Estrelas parecem ter caído do espaço diretamente em meio à paisagem soviética

Tradução: Paulo Migliacci

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Telescópio Hubble sofre novo problema, diz Nasa

Observações científicas feitas pelo telescópio espacial Hubble foram interrompidas devido à problemas surgidos enquanto o observatório era recuperado de uma falha em um computador, informou a Nasa, agência espacial americana.

Engenheiros trocaram com sucesso o sistema do Hubble para um computador de backup, na quinta-feira, e acompanhavam se os instrumentos do telescópio estavam sendo reativados automaticamente. Porém, nesta sexta-feira, a Nasa divulgou uma notícia em seu site dizendo que "a ativação dos instrumentos científicos do telescópio e a retomada das observações foram suspensas em decorrência de duas anormalidades encontradas no sistema do telescópio na quinta".

O computador defeituoso, necessário para coletar e processar dados de instrumentos científicos, levou a Nasa a atrasar uma missão espacial há tempos aguardada para prestar serviço ao telescópio. O vôo foi reagendado para fevereiro, quando uma equipe irá tentar substituir o computador com problemas.

O telescópio espacial, que está a cerca de 485 km da órbita da Terra, mudou a compreensão dos cientistas sobre a origem, evolução e conteúdo do universo e forneceu imagens sem precedentes de galáxias distantes e fenômenos celestiais.

ISS: tripulação promete show em videoconferência

A tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS) prometeu, durante uma videoconferência com o Centro de Controle de Vôos Espaciais da Rússia, fazer um show na próxima conexão com a Terra. "Na quinta-feira, soube que Gregory (o astronauta da Nasa Greg Chamitoff) toca guitarra e que há uma na estação. Na próxima conexão, cantaremos sem falta", afirmou o russo Yuri Lonchakov, citado pela agência Interfax.

Ele explicou que gosta muito de cantar e lembrou que já antecipou há algumas semanas, antes de viajar ao espaço, que tinha intenção de tocar guitarra e aprender a tocar gaita para amenizar os poucos momentos de lazer que teria com seus colegas na plataforma orbital. Já o astronauta russo Oleg Kononenko, integrante da missão número 17 da ISS, que no dia 24 voltará à Terra após seis meses no espaço, lamentou não ter conseguido realizar seu sonho de pintar, no espaço, um quadro.

Quem conseguiu desenhar no transcurso de uma experiência foi Richard Garriott, o sexto turista espacial e filho do ex-astronauta da Nasa Owen Garriott. O turista espacial, diretor-adjunto da agência de turismo espacial Space Adventures, declarou que ainda não decidiu se completará sua coleção de curiosidades cósmicas com a cápsula de descida com a qual aterrissará ao voltar à Terra junto à expedição número 17 no dia 24.

Recentemente, Garriott afirmou que gostaria de ter uma parcela de sua propriedade na Lua e lembrou que entre os objetos da coleção está um veículo lunar soviético que ainda se encontra nesse satélite natural da Terra, assim como duas cópias do primeiro Sputnik lançado pela União Soviética, em 1957.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Marte: origem de lua está próxima de ser desvendada

A origem de Fobos, a maior das duas luas de Marte, curiosamente semelhante a um asteróide, está próxima de ser desvendada pelos cientistas espaciais europeus, informa o site do jornal espanhol El Mundo. A ESA, agência espacial européia, confirmou que a lua é mais um "montante de rochas" do que um objeto sólido após uma série de aproximações da sonda espacial Mars Express.

Fobos é uma rocha espacial sem forma determinada, com dezenas de quilômetros de diâmetro. O objetivo dos cientistas agora é identificar a procedência da formação rochosa da lua.

Por meio de imagens captadas pela Mars Express, os pesquisadores puderam reconstruir um modelo em três dimensões para determinar o volume do satélite com maior precisão. Os astrônomos calcularam a massa e o volume de Fobos que permitiram fazer estimativas sobre a densidade da pequena lua. Dados preliminares indicaram que a lua possui uma densidade de 1,85 g/cm³, uma bilionésima parte da densidade terrestre e metade desse número em relação a de Marte.

Segundo os cientistas, as baixas densidades são características de um tipo de asteróide, identificado na classe D, que também contêm cavernas subterrâneas gigantes justamente por não serem sólidos. Essa classe poderia ser a origem de Fobos, já que essas rochas maiores são formadas por pequenos pedaços unidos pela gravidade.

Outra teoria bastante discutida é a de que Fobos surgiu de Marte após a colisão de um meteorito com o planeta vermelho.

Cientistas tentam descobrir as origens de Fobos, maior das duas luas de Marte, que se parece com um asteróide
Cientistas tentam descobrir as origens de Fobos, maior das duas luas de Marte, que se parece com um asteróide

Nasa conserta telescópio espacial Hubble

O telescópio espacial Hubble estava nas fases finais de recuperação nesta quinta-feira, depois da Nasa conseguir recuperar com sucesso um computador defeituoso e ressuscitar de uma hibernação orbital um outro reserva, de 18 anos de idade.

O computador defeituoso, que é usado para coletar e processar dados de instrumentos científicos, fez com que a Nasa atrasasse uma missão espacial poder prestar serviço ao telescópio. A missão foi remarcada para fevereiro, quando os tripulantes tentarão substituí-lo.

O telescópio espacial, que orbita a uma distância de 485 km acima da Terra, fez com que cientistas mudassem sua compreensão quanto à origem, evolução e conteúdo do universo, e emitiu imagens inéditas de galáxias distantes e fenômenos celestiais.

Engenheiros iniciaram a delicada tarefa de passar a usar um sistema de backup para coletar e processar os dados do Hubble na quarta-feira. "Tudo está funcionando perfeitamente", disse Susan Hendrix, porta-voz da Nasa, no Goddard Space Flight Center em Greenbelt, no Estado de Maryland.

Saiba o que aconteceu com a bola de golfe jogada na Lua

O que aconteceu com a bola de golfe que um astronauta arremessou na Lua? E por que ele o fez?

Alan Shepard na verdade lançou duas bolas de golfe na Lua, durante a missão Apollo 14, em 1971, e elas continuam na Lua, disse ele em 1991 em uma entrevista ao site educacional Academy of Achievement.

Shepard estava procurando uma maneira de demonstrar o que a falta de atmosfera e a força gravitacional muito menor da Lua significariam para uma atividade comum na Terra, disse. Astronautas anteriores haviam lançado uma pequena bola de chumbo e uma pena, que caíram lentamente à superfície à mesma velocidade, mas Shepard estava à procura de algo mais vistoso.

"Porque eu jogava golfe", disse, "imaginei que se eu levasse um taco e atingisse a bola com a minha força comum, ela iria seis vezes mais longe do que minhas tacadas na Terra".

Assim, com permissão da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), ele projetou um taco que se encaixava no cabo do aparelho que os astronautas usavam para recolher amostras de solo lunar. (O taco estendível voltou à Terra e é parte do acervo da Associação de Golfe dos Estados Unidos.)

Antes do vôo, ele praticou a tacada usando o traje de astronauta e decidiu que "se tudo corresse bem, a última coisa que eu faria antes de voltar seria lançar aquelas duas bolas".

"Era difícil usar o taco com o traje espacial", ele contou em entrevista em 1994. "Errei a primeira tacada, e a bola caiu em uma cratera a menos de 40 metros. A segunda acertei em cheio, e ela voou por 180 metros; na Terra, teria voado por menos de 30".

As duas bolas de golfe arremessadas pelo astronauta Alan Shepard na Lua, em 1971, continuam lá
As duas bolas de golfe arremessadas pelo astronauta Alan Shepard na Lua, em 1971, continuam lá

Especialistas criam ventilador sem barulho para a ISS

Os especialistas do Instituto Aeroidrodinâmico Central russo desenvolveram e testaram dois ventiladores que quase não produzem barulho para o sistema de sobrevivência da Estação Espacial Internacional (ISS), informou nesta quinta-feira a agência espacial russa Roscosmos.

O problema do forte barulho na plataforma orbital é bastante grave, por isso os astronautas têm que dormir com protetores nos ouvidos, segundo a agência oficial RIA Novosti.

Segundo um porta-voz da Roscosmos, "a criação por parte dos cientistas do instituto deste sistema de ventiladores permite, segundo calculam os pesquisadores, reduzir o nível de barulho entre 5,5 e 8 decibéis, mantendo os parâmetros aerodinâmicos pré-determinados".

"É um índice muito elevado, já que, atualmente, no mundo todo, a redução do nível de barulho entre 1,5 e 2 decibéis é considerada uma quantidade considerável", disse.

Acredita-se que o uso dos novos ventiladores de barulho reduzido melhoraria consideravelmente as condições de trabalho da tripulação da ISS.

China lançará no final de ano seu terceiro satélite meteorológico

A China lançará ao espaço no final do ano seu terceiro satélite meteorológico, o Fengyun-2-06, segundo anunciou a Administração Meteorológica da China (CMA, sigla em inglês), citada pela agência oficial de notícias Xinhua.

O Fengyun-2-06 será lançado para substituir o Fengyun-2C, em órbita desde outubro de 2004, e o objetivo é que complete um sistema de observação com o Fengyun-2D, enviado ao espaço em dezembro de 2006 e com o qual realizará trabalhos de mútuo apoio.

O CMA já adiantou no sábado passado a intenção de lançar o primeiro satélite meteorológico de segunda geração no ano 2013.

Este satélite geoestacionário faz parte de um projeto com o qual o gigante asiático pretende modernizar seu serviço de previsão meteorológica para poder prever com melhor detalhe os desastres naturais.

A China lançará um total de 22 satélites meteorológicos para o ano 2020.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Telescópio Hubble pode voltar a operar até sexta

Técnicos da Nasa, agência espacial americana, vão tentar reprogramar computadores do telescópio espacial Hubble, desativado desde 27 de setembro por um problema técnico, para que ele volte a operar por meio de seu sistema de apoio (backup) até sexta-feira.

O Hubble foi desativado por causa de uma falha técnica em um computador que trabalha na transmissão à Terra das imagens e dados científicos do telescópio. A equipe de 40 técnicos vai começar a enviar uma complexa série de sinais de computador para o Hubble para que ele passe a operar no sistema de reposição (backup) que não foi ativado desde que o telescópio foi lançado, em 1990.

Segundo os engenheiros, outros satélites conseguiram usar com sucesso componentes que não foram ativados por dez ou 15 anos. O mais recente problema no computador principal do telescópio forçou a Nasa a adiar uma missão do ônibus espacial Atlantis para manutenção do Hubble.

A quinta e última missão do tipo no Hubble não vai se realizar pelo menos até fevereiro, quando astronautas deverão instalar peças sobressalentes. O Hubble se movimenta em uma órbita a 575 km da superfície da Terra e deverá operar até 2013, quando o telescópio espacial James Webb será lançado.

BBC Brasil

BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC BRASIL.com.

Cassini detecta ciclones gigantescos em Saturno

Gigantescos ciclones foram detectados pela sonda espacial Cassini nos pólos do planeta Saturno, conhecido pelos grandes anéis que o circundam, informaram cientistas da Nasa à agência EFE. A agência espacial americana explicou em comunicado que essas grandes tempestades têm a mesma característica dos furacões ou tufões que se formam na Terra.

As novas imagens transmitidas pela Cassini identificaram um gigantesco ciclone no pólo norte parecido com um outro ocorrido no pólo sul do segundo maior planeta do Sistema Solar. Segundo os cientistas, o movimento de rotação da tormenta atingiu 530 km/h, velocidade mais de duas vezes superior a dos furacões que assolam a região norte do continente americano ou dos tufões que castigam a Ásia.

Tufões sem oceanos
A existência dos furacões em Saturno deixou intrigados os pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato (JLP, na sigla em inglês), da Nasa, porque na Terra estes fenômenos extraem sua energia das águas oceânicas quentes. Mesmo não existindo mares para impulsionar o deslocamento polar, as tempestades de Saturno são muito semelhantes às da Terra.

"São ciclones gigantescos, centenas de vezes mais poderosos que os grandes furacões registrados aqui", afirmou Kevin Baines, cientista da Cassini no JPL.

Os pesquisadores especulam que a energia que impulsiona os ciclones do planeta com anéis poderia ter sua origem em enormes tempestades elétricas que ocorrem em nuvens compostas por hidrossulfito de amônio.

A missão Cassini-Huygens, lançada em 15 de outubro de 1997, é uma parceria entre as agências espaciais americana (Nasa), européia (ESA) e italiana (ASI). A sonda chegou a Saturno em julho de 2004 após uma viagem de sete anos.

Uma das imensas formações registradas pela sonda espacial nos pólos do segundo maior planeta do Sistema Solar
Uma das imensas formações registradas pela sonda espacial nos pólos do segundo maior planeta do Sistema Solar

Descoberto o planeta mais quente do universo

Cientistas britânicos e pesquisadores do Instituto Astrofísico das Canárias, na Espanha, encontraram um planeta considerado até agora como o mais quente do universo, alcançando temperaturas de até 2.250°C. O WASP-12b é pouco mais que uma vez maior que Júpiter - o maior planeta do nosso Sistema Solar - e tem quase a metade da temperatura do Sol, que atinge cerca de 5.500°C. As informações são do Terra Chile.

Anteriormente, o registro de planeta mais quente era o do HD149026b, que possui o solo completamente escurecido sob o calor de 2.040ºC. Em artigo publicado no site científico NewScientist.com, os astrônomos explicaram que o novo planeta leva um dia para concluir uma volta em torno da sua estrela anfitriã, velocidade considerada recorde.

A rapidez com que o novo planeta orbita sua estrela chamou a atenção dos pesquisadores porque a maioria dos exoplanetas demoram três dias ou mais para completar o movimento.

Segundo os cientistas, a descoberta coloca em dúvida a teoria sobre como os planetas podem chegar perto de sua estrela anfitriã. O próximo objetivo do estudo será o de investigar a luz ultravioleta que o WASP-12b emana.

O novo planeta WASP-12b atinge temperaturas de até 2.250°C
O novo planeta WASP-12b atinge temperaturas de até 2.250°C

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Nasa tenta "despertar" telescópio orbital Hubble

A Nasa fará amanhã uma tentativa de "despertar" o telescópio orbital Hubble, fora de operação há duas semanas por erros de um computador, informaram hoje técnicos da agência espacial americana. Os problemas no Hubble obrigaram a atrasar outras missões, como o lançamento da missão de reparação do telescópio, assim como o lançamento do foguete Ares 1-X, primeiro protótipo do veículo com o qual a agência enviará astronautas ao espaço em 2015.

A Nasa havia programado o lançamento do Ares 1-X para o fim da primavera no hemisfério norte, do Centro Espacial Kennedy. O programa foi suspenso há duas semanas, porém, quando houve um problema técnico em um computador que trabalha na transmissão à Terra das imagens e dados científicos do telescópio, mantido em órbita a cerca de 480 km do planeta.

A falha obrigou o adiamento do lançamento de nave, agora programado para o fim de fevereiro. Art Whipple, diretor de programa do Hubble no Centro Goddard de Vôo Espacial, em Maryland, disse que os engenheiros enviarão amanhã comandos ao telescópio para que a operação passe a um computador de reposição - que será usado pela primeira vez desde que o telescópio chegou à sua órbita há 18 anos.

"No Espaço é muito pouco o que envelhece um componente de equipamento que nunca esteve conectado", explicou. "De fato, é um ambiente muito bom para armazenamento e conservação de componentes", acrescentou. Whipple disse que, se a operação der resultados, o Hubble poderá retomar seus trabalhos científicos na sexta-feira.

Nave Soyuz se acopla com sucesso à ISS

A nave Soyuz TMA-13 com a nova tripulação permanente da Estação Espacial Internacional (ISS) e o sexto turista espacial a bordo, se acoplou nesta terça-feira com sucesso à plataforma orbital.

» Veja mais fotos da ISS

A nave se acoplou às 12h26 hora de Moscou (5h26 de Brasília) em regime automático e aproximadamente em uma hora e meia os astronautas abrirão a escotilha e passarão ao laboratório orbital, informou o Centro de Controle de Vôos Espaciais russo.

Os novos tripulantes da ISS são o russo Yuri Lonchakov, o americano Michael Fincke e o turista espacial Richard Garriott, que voltará à Terra no dia 24 de outubro.

O acoplamento foi exibido em um telão na sala do Centro de Controle de Vôos Espaciais (CCVE) da Rússia, e assistido, entre outros, pelos pais de Garriott e do cosmonauta russo Serguei Volkov, informou a agência Interfax.

A manobra também foi seguida por Anatoli Permínov, diretor da agência espacial russa Roscosmos, e Vitali Lopota, presidente do consórcio Energuia, fabricante das naves Soyuz.

Após igualar a pressão entre o cargueiro e a ISS e comprovar o estado hermético das comportas, a tripulação abrirá a escotilha da nave e da plataforma orbital para entrar na estação.

O turista espacial Richard Garriott (esq.) observa as instalações da estação espacial
O turista espacial Richard Garriott (esq.) observa as instalações da estação espacial

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ISS: tripulantes resolvem defeitos e esperam Soyuz

A tripulação russo-americana da Estação Espacial Internacional (ISS) conseguiu consertar o vaso sanitário principal e agora se preparam para receber a nave Soyuz TMA-13, informou um porta-voz da indústria espacial russa.

» Turista paga milhões por viagem

A fonte confirmou a informação da Nasa, agência espacial americana, sobre uma imperfeição no vaso sanitário, que fica no módulo russo "Zvezda", mas assegurou que os cosmonautas russos Serguei Volkov e Oleg Kononenko e o astronauta americano Greg Chamitoff já consertaram a falha.

Segundo a fonte, a tripulação precisou utilizar o vaso sanitário de reserva, situado na nave Soyuz TMA-12, acoplada à ISS como uma espécie de salva-vidas e na qual em breve voltará à Terra parte da tripulação atual, segundo a agência de notícias Interfax.

Essa foi segunda falha do vaso sanitário principal da estação depois do registrado em maio passado, que acabou sendo reparado pelos astronautas da nave Discovery, que foram na época à ISS. A nave Soyuz TMA-13, lançada no domingo passado com o cosmonauta russo Yuri Lonchakov, o astronauta americano Michael Fincke e o turista espacial Richard Garriott, deve se acoplar à ISS amanhã às 5h33 (Brasília).

Está previsto que a nave aterrisse em 24 de outubro nas estepes do Cazaquistão às 0h36 (Brasília).

domingo, 12 de outubro de 2008

Nave Soyuz parte rumo à ISS com turista a bordo

A Rússia lançou neste domingo ao espaço a nave Soyuz TMA-13 com três tripulantes a bordo, os integrantes da 18ª expedição à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), assim como o sexto turista espacial a viajar para a plataforma orbital.

» Fotos: Soyuz é lançada no Cazaquistão

O lançamento aconteceu com a ajuda de um foguete portador Soyuz FG a partir da base cazaque de Baikonur e estava previsto que a nave se separasse do foguete às 11h10 de Moscou (4h10 de Brasília), informaram as agências russas.

Cerca de dez minutos mais tarde, a nave se separou com sucesso do foguete e a tripulação, integrada pelo cosmonauta russo Yuri Lonchakov, o astronauta americano Michael Fincke e o turista espacial Richard Garriott "se encontra bem", ressaltou um porta-voz da base, citado pela agência oficial russa RIA Novosti.

Garriott permanecerá dez dias na plataforma orbital e voltará à Terra no próximo dia 24 junto à tripulação que deixa o local, integrada pelos cosmonautas russos Serguei Volkov e Oleg Kononenko, a bordo da Soyuz TMA-12.

A espaçonave Soyuz é lançada no Cosmódromo de Baikonour
A espaçonave Soyuz é lançada no Cosmódromo de Baikonour